Meu coração possui cinco pétalas.

Foto via: Flickr

É estranho como definimos nossas formas de amor… 

Meu pai, quando foi pedir minha mãe em casamento, ao invés de lhe dar uma aliança, deu-lhe uma flor. Uma rosa. Vermelha, linda, mas com muitos espinhos. No começo eu não notei, achei perfeito quando ela estava contando toda animada o começo do meu nascimento. Pensei que aquela rosa seria o simbolo do amor dos dois, e como um simbolo, nunca morreria. Mas esqueci que rosas estão aptas a murcharem. 

Vi minha mãe carregando rosas pra todo lado, não por ela ser florista, foi mais pelo apego que ela teve aquela declaração. Um dia, ela sozinha plantando nosso primeiro rosário. Perguntei por que tinha feito tudo aquilo. Ela me olhou com olhar angelical e respondeu que precisava cuidar do seu amor, que aquele simbolo era um presente de um começo. 

Certo dia, meu pai chegou bêbado em casa e arrancou todas as rosas do canteiro. Cambaleando pelos lados, arrumou suas malas às pressas e partiu, sem mais, nem menos. Minha mãe chorou por um mês e por um mês tentava plantar o que meu pai havia destruído. Ela cuidava mais das rosas do que do papai, pois achava que aquilo era o simbolo do seu amor. Estava cegamente, sendo guiada a metáforas, um amor simbólico, oras, quem colocaria sua atenção em uma planta? Seria trágico, se não fosse engraçado. 

Mamãe colocava sua atenção em uma rosa, porque o amor do papai estava na rosa. Eu nunca entendi o por que dele ter destruído todo o canteiro, mas agora eu sei. Ele precisava se desapegar, tirar as raízes do seu começo, da sua rosa. 

Eu nunca fui de chorar, quando meus pais se separam aguentei minha mãe e seus xingamentos de quase morte em meu quarto. Certo dia estava na escola e quando dei por mim, meus olhos estavam esvaziando a angustia que já enchia. Chorei. O que uma flor é capas de fazer conosco? 

Estava a caminho da psicologa quando avistei uma amiga aos prantos, tentando espantar seu choro, disse que estava apaixonada e já não aguentava mais mentiras. Ela segurou minha mão e pediu ajuda com seu olhar cristalino. Apertei e expliquei a unica coisa que tinha entendido naquela semana. 

"O amor é como uma rosa, linda, bela, chamativa, misteriosa, todos a querem, mas enxergam sua beleza sem se atendar em seus espinhos. Ao pegá-la, acabam sempre se machucando com a força e a necessidade de tirá-la. Não desviam e não possuem a calma para desviar. Acabando sempre sangrando." 

Uns definam o amor como um coração, outros, como um aglomerado de nervos ligados ao peito, já eu, sempre vou defini-lo como uma rosa.


7 comentários:

  1. Amei o texto :').

    thaypinheiro.wordpress.com

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  2. Confesso que esse texto me deixou um pouco pensativa, e não foi só sobre o amor, mas também sobre os relacionamentos a minha volta. Cultivar um sentimento não é fácil, mas quando é verdadeiro, vale a pena.

    http://www.entreosmeusdramas.com.br/

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  3. Caramba, que triste. A mãe investiu na rosa para mostrar que se importava, mas esqueceu de prestar atenção no que realmente importava. triste, muito triste.

    Uma beijoca,

    Nanda do Maquiada & Esmaltada

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  4. Gostei muito do texto, mostra muito sentimento. Parabéns.
    Ps.: sem ser chaata, passa o texto no corretor ortográfico antes de postar, na maioria das vezes é só erro de digitação mesmo (:

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  5. Exatamente! Que bom que consegui te fazer refletir :D

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  6. Sim, bem triste. Mas é bom pra nos ajudar de agora em diante, com coisas a mais

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